sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Repensando a Igreja em sua cultura local!

Como já esclarecido anteriormente, a saga da igreja primitiva foi obscurecida por séculos, porque os livros do nosso Novo Testamento foram organizados fora de ordem. O presente acordo de livros do Novo Testamento criou um viveiro para o muito prejudicial "cortar e colar", forma de abordagem do estudo da Bíblia, que fora de contexto, se utiliza de "textos-prova" que são posteriormente juntados para apoiar o homem em suas doutrinas e práticas .

Na mitologia grega, um homem chamado Procrusto possuía uma cama "mágica" que tinha a propriedade  de se adequar à quem recaia sobre ela. Mas a cama não era tão mágica assim. Procusto tinha um método simples para criar a sua cama com “ um tamanho para todos". Se a pessoa que sobre ela deitava  era muito pequena, Procusto esticava seus membros para que ela cabesse na cama! Se a pessoa era muito grande, Procusto cortava seus membros para torná-los “adequados” à cama.

O conceito moderno de "igreja" é uma cama de Procrusto. Escrituras que não cabem à sua forma ou são cortadas (excluídas), ou elas são “esticadas” para que se adequem ao seu molde.

Muitas das práticas da igreja contemporânea não têm respaldo bíblico. Ainda assim, são justificadas pela nossa hermenêutica de "cortar e colar". Estas práticas, inventadas pelo homem, se opoem à natureza orgânica da igreja. Elas também são contrárias ao Reino de Deus. Na verdade, elas impedem o Brasil de avançar. Elas não refletem a mensagem de Jesus Cristo, nem expressam sua Autoridade e sua personalidade gloriosa (o chamado original da Igreja no mundo). Em vez disso, elas refletem a entronização das idéias humanas e suas tradições, sufocando a expressão natural da igreja.

Lamentavelmente, muitas pessoas hoje justificam essas práticas, dizendo que a igreja se difere em cada cultura.E que por isso, em nossa cultura, Deus aceita o sistema clerical, a adoração na forma de expectadores, o único pastor (ou bispo), a prática e a mentalidade da igreja ser um lugar para onde"ir", e uma série de outras práticas que foram criadas por volta do século 4, como resultado do encorporamento de costumes greco-romanos pelos cristãos em seus dias.

Mas este argumento é extremamente falho. Deixe-me explicar.

Vou me utilizar de Paulo quando ele diz: "não lhe ensina a natureza?"

É evidente no Novo Testamento que a igreja é um organismo vivo. É uma nova entidade biológica. Como disse CS Lewis, é uma "nova espécie" (Ef 2:15; Gl 3:28;. 1Co 10:32;. Colossenses 3:11, 2 Coríntios 5:17).. Este organismo é produzido quando a semente viva do Evangelho de Cristo é plantada nos corações dos homens e mulheres, então eles se tornam autorizados a se reunir.

Curiosamente, o organismo da igreja tem um DNA que produz certas características identificáveis. Algumas delas são: A experiência de comunidade, os frutos do Espírito, um amor familiar e devoção entre os seus membros, o funcionamento de cada membro do Corpo de Cristo, a centralidade de Jesus Cristo, encontros abertos, participativos, etc.

Agora. . . enquanto a semente do evangelho produz naturalmente essas particularidades, como elas se expressam pode ser ligeiramente diferente de cultura para cultura. Por exemplo, uma vez plantada uma igreja orgânica no país do Chile, as canções que escreverem, a forma como eles se interagirem uns com os outros, suas reuniões, o que eles fizerem com as crianças, parecerá, por fim, diferentes de igrejas orgânicas nascidas na Inglaterra, nos Estados Unidos ou na Austrália. No entanto, as mesmas características básicas que residem no DNA da igreja se fará presente em todas. Jamais uma dessas igrejas produzirá um sistema de clero, um pastor único, uma estrutura hierárquica, uma ordem de culto que faz da maioria pessoas passivas, etc.


Na natureza, nós temos um arbusto florido da espécie Hydrangea macrophylla (Hortência). Se você tomar a semente desse arbusto e a plantar no solo de Indiana (EUA),  quando este florecer, produzirá flores cor de rosa. Se você tomar essa mesma semente e a plantar no solo do Brasil ou no da Polónia, ela produzirá flores azuis. E ainda se você tomar exatamente a mesma semente e a plantar em outro tipo de solo, isso resultará em flores roxas. (A razão tem a ver com os níveis de ph diferentes nos vários tipos de solo.)

No entanto, a Hydrangea macrophylla  nunca produzirá espinhos e abrolhos. Ela nunca terá laranjas ou maçãs. Nem crescerá forte como uma árvore. Por quê? Esses recursos não estão dentro do DNA de suas sementes. Da mesma forma, a Igreja de Jesus Cristo, quando plantada de forma adequada e deixada crescer por conta própria, sem interferência humana, produzirá certas características específicas em virtude do seu DNA.

Como a Hydrangea macrophylla, a Igreja poderá se diferenciar de cultura para cultura, mas a sua forma básica será a mesma. No entanto, quando o homem caído introduz tradições humanas em um organismo vivo (a Igreja), este perde suas características orgânicas e produz elementos estranhos que são contrários ao seu DNA.

Outro exemplo seria o elemento básico da vida humana, o próprio ser humano. Os seres humanos que são nativos da China parecem diferentes do que são nativos da América do Norte. Os seres humanos que são nativos da Suécia têm um olhar diferente do mundo dos seres humanos que são nativos da África do Norte. No entanto, o DNA humano é o mesmo para todos, e as características básicas de humanidade estão presentes em cada um deles. Por outro lado, uma vez eu vi um homem que gastou centenas de milhares de dólares em cirurgias plásticas para se tornar parecido com um gato! Isto é uma violação do DNA natural da humanidade. É antinatural e artificial.

Por conseguinte, a cultura pode alterar um pouco a aparência de uma igreja orgânica, dependendo de onde ela nasce. No entanto, não é permitido que a cultura “governe” sua expressão, podendo correr o risco decviolar, por fim, o seu código genético.

A Igreja exprime e expande o Reino de Deus da melhor maneira quando ela se expressa da forma  que Deus a criou, e quando ela se recusa a se cooptar à tradições e sistemas de organização dos seres humanos caídos.

Para mais informações, consulte o livro, Reimaginando a Igreja.


Tradução e edição: Danilo Augusto



.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...