sábado, 13 de novembro de 2010

O Labirinto do Fauno e a libertação da mente



Apesar de não ser um lançamento, este é um filme que merece ser comentado devido à sua beleza e complexidade, e na minha opinião é um dos melhores filmes ja lançados.

O Labirinto do Fauno (de Guillermo Del Toro ) nos remete ao ano de 1944, fim da guerra civil, e conta a apaixonante viagem de Ofélia, uma garota de 13 anos que, junto com sua mãe, Carmen, que está no final da gravidez, se muda para uma cidade do interior onde se encontra em destaque, Vidal, um cruel capitão fascista que luta para exterminar os guerrilheiros da localidade, novo marido de Carmen e por quem Ofélia não sente nenhum afeto. Uma noite, Ofélia descobre as ruínas de um labirinto onde se encontra com um fauno, uma estranha criatura que lhe faz uma incrível revelação: Ofélia é, na realidade, uma princesa, a última de sua estirpe, aquela que todos passaram muito tempo esperando. E para regressar ao seu reino mágico, ele deverá passar por três provas antes da lua cheia.

De inicio podemos pensar que se trata apenas de mais um filme infantil com mundos mágicos, vilões terríveis e princesas, mas devemos nos atentar que por de trás uma fábula pode existir uma mensagem incrivelmente profunda, como já diria nosso autor C.S. Lewis com sua fabulosa obra Crônicas de Narnia.

Para começar podemos perceber uma profunda critica ao autoritarismo e à coerção, expressa claramente na figura do oficial, Vidal, padrasto de Ofélia. Com sua arrogância inata e em meio a um clima de guerra e medo, Ofélia encontra um mundo mágico onde existe um caminho, uma esperança, de ela sair de tudo aquilo, e como princesa, partir para o seu Reino encantado.

Como uma das analises podemos perceber que Ofélia cria para si um mundo que, naquele momento, se torna um refúgio do medo e das inseguranças presentes em sua casa. É certo que tal mundo é cheio de desafios e provações, exigindo da garota coragem e determinação, mas acima de tudo o que move a garota é a Esperança de um lugar melhor repleto de alegria, amor e paz. Tal válvula de escape, garante à menina a coragem necessária para enfrentar o autoritarismo de seu padrasto e mais todas as situações que nem mesmo um adulto ousaria enfrentar sozinho.

Podemos, então, pensar que tudo isto é muito bonito, mas não se aplica muito à realidade e é aí que entra a beleza dessa história. Imagine um grupo de presidiários, expostos a condições subumanas, cantando alegremente e sem cessar! Imagine também uma pessoa sendo entregue às feras com um coração repleto de paz e gratidão! Ou mais, imagine uma pessoa prestes a ser apedrejada que olhando para os céus contempla uma belíssima visão.

Pois esses são apenas poucos exemplos de pessoas que com suas mentes livres e entregues às suas crenças passaram por terríveis provações que poucos conseguiriam passar, pelo menos não desta forma. Estes foram os Cristãos da igreja primitiva! Assim como Ofélia eles tinham uma arma poderosa a seu favor: Uma mente livre! Toda forma de agressão física e moral poderia ser direcionada a Ofélia, mas na sua mente ninguém podia tocar. Ninguém podia impedi-la de sonhar, de ter esperança, e foi justamente isso que moveu a igreja primitiva à medida que a Esperança de um lugar melhor, repleto de justiça e paz, os esperava como um Reino para todos os príncipes e princesas que eles descobriram que eram através de Cristo.

Note a semelhança do que Ofélia viveu com a jornada de um cristão: Um príncipe ou uma princesa que passando por provações regressa ao seu Reino prometido!

Devemos resgatar a maravilhosa verdade de que as nossas mentes foram libertadas por Jesus para que livremente possamos lutar e nos alegrar na esperança de um Reino de paz e amor. É essa verdade que moveu Ofélia, é essa verdade que moveu os primeiros cristãos e é essa verdade que deve nos mover ainda hoje.

A Esperança da ressurreição e da glória (o Reino dos Céus) não é algo que tem sido valorizado nos sermões atuais, e é o que predominava nos sermões de Jesus! Curioso não? Não estou aqui defendendo que não devemos pensar no presente e no meio em que vivemos, até porque o Reino dos Céus também se faz presente na terra, no meio do povo, só estou resgatando a realidade da esperança futura, que assim como a presente, não deve ser desprezada.

Isto é só uma das maravilhosas ilustrações e discussões deste filme no meio de muitas outras como fraternidade e comunidade (expressa pela relação entre os guerrilheiros), fé e amor (expressa pela luta constante de Ofélia em salvar sua mãe), altruísmo (ilustrado pela disponibilidade de salvar o irmão, custe o que custar, mesmo sendo sua própria vida) e redenção (ilustrada pela sua morte e chegada em seu maravilhoso Reino).

Portanto, assim como Ofélia, resgatemos a emoção e as descobertas de uma mente livre, criativa e esperançosa.
Paz!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Igreja Emergente! Afinal, o que é? Parte 1


Para início de nossa discussão:

Varias pessoas vêm tentando definir o que seria essa tal de igreja emergente! Acima de tudo devemos estar atentos ao fato de que a Igreja Emergente não se define em uma forma fechada, pontuada, mas se encontra em constante definição à medida que cresce, evolui, ou funciona, como um organismo vivo, expressivo e atuante que pratica o modo de vida do Cristo em sua cultura local.

O termo emergente não se refere à urgência e nem a algo que brota. Ele se refere mais a estratégias não planejadas, que apenas se desenrolam naturalmente sem nomeações, cargos instituídos ou algo do tipo, mas sim, repito, como um organismo vivo e atuante. É por isso que a maioria dos que discutem a Igreja Emergente são pessoas que não estão satisfeitas com a situação atual das igrejas institucionais vigentes e que por esse motivo buscam de alguma forma entender e expressar a fé Cristã neste contexto pós-moderno. É como numa comunidade de formigas, onde ninguém as ensinou o seu papel na comunidade, mas todas sabem exatamente o que fazer e o fazem com vistas no bem da comunidade.

As Igrejas Emergentes são cristocêntricas, e por isso, buscam em Jesus o modelo perfeito da manifestação do Reino de Deus no meio dos homens.  Como Jesus, procuram ser ativas na sociedade, servindo humildemente uns aos outros, criticando e se opondo a qualquer forma de autoritarismo e hierarquização, seja ele religioso ou político, e incluindo aqueles que por vezes são excluídos da sociedade. Portanto criticam com veemência as formas antropocêntricas de serviço presentes nas igrejas institucionais.

Tais igrejas também se opõem à crença de que para ser santo tem de ser separado do mundo em que você está inserido. Para elas não existem tais divisões de profano e sagrado, pois assim como Cristo, devemos participar da nossa cultura local, influenciando-a e renovando-a, assim como Cristo o fez. Portanto a vida espiritual não estaria desvinculada da vida cultural em si desde que não se contamine, mas antes contribua positivamente para a sociedade na qual esta inserida, seja nas artes, na economia, na política e etc.

É por estes fatores que a Igreja emergente valoriza o corpo se opondo à individualização atual. Por isso buscam sempre a ação, o serviço, a edificação e as experiências no grupo, como um organismo coletivo que vive a plena graça de Deus através de Cristo e de Seu Espírito em nós. Os relacionamentos são valorizados, vivendo o corpo como uma família e não como uma instituição, como uma comunidade e não como pessoas isoladas em culto. As atividades decorrem naturalmente do processo de inter-relação e não de tarefas e regras pré-estipuladas num relacionamento morto. Os lugares não são tão valorizados como as pessoas e existe ali uma situação de codependência onde não existem excluídos, mas incluídos.

A seguir algumas opiniões que podem lhe ajudar a compreender melhor esta discussão:

“Entendo Igreja Emergente como uma oportunidade de se fazer livremente perguntas incômodas à luz do evangelho de Jesus Cristo, repensar nossa forma crstã de ser tirando a influência do pensamento moderno que nos moldou e viver essa nova realidade, seja anunciando o Reino de Jesus Cristo a uma sociedade pós-moderna que está longe de ser alcançada pela igreja tradicional, seja curando esse mundo que ainda espera por uma redenção que somente Jesus Cristo pode dar.”
Luis Fernando – criador do RenovatioCafe

“Igrejas emergentes são comunidades que praticam o modo de vida de Jesus na cultura brasileira.”
Gustavo Frederico – criador do wiki Emergente

Ou ainda segundo Nuno Barreto:

“A igreja emergente é um termo semelhante ao termo reforma. Não há unidade teológica, como não havia entre os diferentes movimentos reformadores protestantes…É verdade que existe um tema principal para o movimento emergente…E esse tema é: A igreja como agente missiológico na terra, livre de instituição e hierarquias, simples, um organismo vivo cuja cabeça é Jesus, e onde a vida cristã é uma vida de comunidade e de compartilhamento.”
Nuno Barreto - autor do blog Simplice

E para finalizar:

A Igreja Emergente (ou Emergindo) nada mais é do que uma conversa honesta sobre os desafios e oportunidades de viver e comunicar a mensagem cristã no mundo cada vez mais pós-moderno. O diferencial da Igreja Emergente é sua abertura para lidar com as perguntas difíceis sobre o ser cristão no mundo pós-moderno. Perguntas estas que vão desde a prática cristã até a prática eclesiástica e missionária. Afinal de contas, o que é ser cristão? O que é ser igreja? O que significa fazer parte da missão de Deus no mundo hoje? De certo modo, a igreja tem sempre pensado essas coisas a partir de suas tradições eclesiásticas que definem, de muitas maneiras, sua cristologia e missiologia. A Igreja Emergente faz uma tentativa de recuar um pouco e repensar essas questões seguindo uma ordem mais ou menos inversa: uma cristologia que nos impulsione à missiologia, que por sua vez leve à eclesiologia. Em outras palavras, primeiro eu preciso entender Jesus, Verbo Encarnado, e me comprometer com Seu Caminho (proposta prática de vida que Ele apresentou) , abraçando Sua Missão no mundo de hoje e seguindo a jornada com outros seguidores na comunhão da Sua Igreja. O grande risco da Igreja Emergente, em minha opinião é ficar apenas no desconstrucionismo por um lado e, na sua crítica ao Cristianismo institucionalizado, fomentar uma jornada de fé individualista. Para não cair nestas tentações, a Igreja Emergente precisará manter as três “doutrinas” em equilíbrio diante de si.
Sandro Baggio – pastor do Projeto 242

Concluindo, inúmeras são as indagações a respeito da Igreja Emergente e seus anseios, mas este é apenas o início de uma longa e complexa discussão a respeito da fé Cristã no mundo atual. Em Breve voltaremos com mais esclarecimentos sobre este e mais assuntos que nos são pertinentes. Espero por meio deste, ter contribuído de alguma forma para o esclarecimento de alguns pontos desta abençoada conversa... Paz!

               http://emergente.pbworks.com/
Nota: Gostaria de agradecer, mesmo que anonimamente, a todos os envolvidos que me forneceram tais fontes! Meu sincero agradecimento a estas maravilhosas vozes pensantes! Paz!

Desmitificando a Bíblia


Bíblia! Comumente definida como a palavra de Deus! Partindo de tal definição discorremos:
A Bíblia em essência é a palavra de Deus, e não só a palavra, mas a palavra revelada, em ação. O Logos (no grego=palavra). O verbo. “No princípio era o Verbo (a palavra), e a palavra estava com Deus, e a palavra era Deus” João 1:1.
O capitulo de João 1 nos ensina que o Verbo, a Palavra, é Jesus Cristo. Portanto a Bíblia é a Palavra revelada, Cristo. Jesus é a revelação de Deus á criação. “E a Palavra se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” João 1: 14.
Logo, crendo que a Bíblia é a Palavra revelada: Cristo! Faço-me a seguinte pergunta: Pode-se limitar Cristo? Pode-se de alguma forma quantificar o seu poder ou medir a sua extensão? É possível por fim na Sua ação que é eterna? Não.
Há, então, algo de extremamente errado em querermos limitar a Bíblia dentro de um tempo e espaço, ou em 66 livros lacrados, ou em um conjunto fechado de pessoas que fizeram parte Dela. Estaríamos limitando assim o Cristo.
O que pensar então? Que a Bíblia, sendo Cristo, não se limita, e toda criatura ou ser que de alguma forma revela Cristo á criação faz parte da Bíblia, tanto ontem, quanto hoje, quanto amanhã. 
Por isso a Bíblia não foi construída, mas ela existe, infinda, e fazem parte dela todos aqueles que a expressam, isto é, expressam a Cristo, a Palavra. Adão, Abraão, Isaías, João, Pedro, Paulo... fizeram parte da Bíblia assim como hoje a Maria, o José, o Antônio... também fazem (nomes genéricos). A natureza também faz parte da Bíblia, pois expressa inegavelmente a Cristo.
E o que mais me surpreendeu foi quando me dei conta do seguinte pensamento:
Não é sábio também, pensar que só expressa Cristo aquele que tem parte com ele ou que o segue. Note por exemplo que o próprio Diabo expressa Cristo na medida em que revela o seu oposto, e isso é tão real que, se olharmos para as escrituras vemos nela a presença de Satanás, de homens maus, e outros. Pense bem, quando olhamos para o mal, logo entendemos que existe um oposto, o bem, e que, portanto o mal revelou o bem. Por isso não só o bem revela a Cristo, como também o mal, a lei e a graça, a vida e a morte, a verdade e a mentira, enfim tudo. Toda a criação revela o Cristo, absolutamente tudo, (porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas) e tudo, assim, pertence á Bíblia. Ilimitada!
Você, eu, o outro, todos e tudo revelamos Cristo, e por isso, tudo pertence á Bíblia! Isto revela Sua essência não excludente, assim como Cristo o é.
Então pensei: de que forma revelarei a Cristo? Serei o bem ou mal, a verdade ou mentira, a justiça ou a injustiça, o amor ou o ódio? Não que nesta vida serei exatamente tais extremos, mas qual lado escolherei? Já que todos estamos na Bíblia? Tal responsabilidade certamente existe e está aí diante de nós.
Não me justificarei aqui defendendo as escrituras, pois para mim é inegável a sua grande Verdade, e a sua auto-justificação, mas exponho, apenas, meus pensamentos como forma de liberdade no Espírito de Deus, que nos fez seres pensantes.
Minha crítica se direciona àqueles que subvertendo a pureza do Cristianismo, usam as escrituras como instrumento dogmático de autoritarismo e intolerância, alienando e manipulando as massas, para um fim próprio, egoísta e vil em si mesmo. Devemos tirar o véu do dogma humano das escrituras e entendermos o real significado do que é a Palavra, da sua infinitude e do seu poder incompreensível de revelação, de luz!
Que tal palavra possa brilhar em toda Sua imensidão na sua própria criação, que, por conseguinte, faz parte Dela.
Com tudo isso concluo, de maneira aberta e não dogmática, que Tudo, absolutamente todas as coisas revelam a Cristo, a Palavra, e, portanto fazem parte da Bíblia. Que tal Palavra é a infindável Luz da criação e poderosa revelação do que É.  E que diante da dualidade das coisas, e do nosso livre arbítrio, existe grande responsabilidade individual e coletiva na maneira pelo qual O (Cristo) revelaremos ao mundo. Qual será o nosso papel na Bíblia?
Um pequeno esclarecimento: Em Apocalipse, quando fala de não retirar ou acrescentar palavras neste livro, entendo claramente que se refere ao livro profético de Apocalipse, exclusivamente, e não a um conjunto de livros.
Pense sobre isso...

O monstro do medo e o espírito questionador


“Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” Gn 2: 7 “E o Senhor lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gn 2: 17
Deus quando fez o homem criou-o corpo, alma e espírito e como tal com toda potencialidade em si de experimentar, questionar, aprender, criar, raciocinar... Se Deus fez-nos assim, questionadores e curiosos em essência, da onde nos provem o medo de questionar, a conformação de aceitar as coisas como são e pronto?
Para aqueles que entendem Gênesis como uma grande parábola e também para aqueles que o entendem literalmente proponho esta discussão:
É tão verdade que Deus nos criou como questionadores, que ao formar o homem Ele logo lhe deu uma ordem para que este não comesse do fruto de uma determinada árvore.
Se coloque por um instante no lugar de Adão. Deus lhe diz: não coma de tal árvore senão morrerás! Conseqüentemente o que você instintivamente responderia, nem que seja em pensamento? Por quê? Porque morrerei se dela comer?
Deus, como sabe de todas as coisas, sabia a dúvida que tal ordem geraria no homem, pois ele conhece sua criação. Aí você me diz: então Deus era sarcástico a ponto de induzi-lo ao erro?
Não, pois Ele esperava que o homem, como ser pensante e questionador, viesse pessoalmente a Ele e lhe perguntasse o porquê que ele morreria.  Deus é a Resposta, o homem é a pergunta.
Deus em sua infinita sabedoria criou-nos justamente para que conosco pudesse compartilhar seu ilimitado conhecimento. Criou-nos para perguntar, e sermos respondidos eternamente.
E o interessante é que Adão não perguntou a Deus o porquê de tal ordem e ficou remoendo dentro de si aquilo, tentando achar respostas de si mesmo e não do Criador. O homem tem sede de entendimento, de respostas, de sabedoria. Esta é a sua essência e o seu prazer: ser respondido. Adão, logicamente não acharia uma resposta verdadeira senão do próprio Criador.
Existia um ser que também conhecia o potencial questionador do homem e investiu em tal potencial. A serpente.
Ela, astutamente, sabia que Adão e Eva não entendiam o porquê de tal proibição e questionavam tal ordem. Repito: o problema não é o questionar e sim o não questionar. A serpente sabia que o homem não havia perguntado a Deus o porquê e investindo num plano simples resolveu-lhes dar uma resposta. Resposta por sinal errada:
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse a mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” Gn 3: 1-6
Neste momento o homem encontrou resposta para sua dúvida: seremos iguais a Deus e não morreremos. Resposta errada. Só Deus suporta o conhecimento do bem e do mal na medida em que tem todas as respostas já que conhece tudo. O homem por si só não suportaria conhecer o bem e o mal e não ter respostas para ambos, para tantas contradições, pois é um ser totalmente curioso e certamente morreria pela angústia da falta de entendimento.
Mas eles acharam que Deus estava-lhes escondendo a preciosidade do entendimento, e encontrou na árvore um presente para tal anseio. Note na parte acima quando Eva diz: “árvore desejável para dar entendimento”, veja como o homem anseia entender! E realmente ele teria entendido tão somente se tivesse perguntado ao Criador. Teria a resposta certa, e não pereceria pela falta de entendimento.
Note aqui a diferença entre conhecimento, que já nos foi dado, basta nos dispormos á ele, e entendimento, que buscamos incessantemente, e que nos é dado por meio de iluminação! Podemos conhecer e, no entanto, não entender.
O problema do homem é em buscar entendimento que não seja da parte do Criador (que tem todas as respostas), e fica sujeito assim a enganosas respostas de si mesmo ou de um ser exterior. Veja ao longo da história como a humanidade, na busca do entendimento, se contradiz na medida em que sempre refuta respostas antigas considerando-as ultrapassadas.
Diante de tudo isso vemos que o homem é um ser questionador, faminto por entendimento, e que tal qualidade foi lhe dada por Deus como fonte de novidades de vida. É inconcebível, por isso, a teoria de que não devemos questionar algumas coisas, principalmente as que se relacionam ao próprio Deus. O ser humano não vai parar de questionar, pois ele é em si questionador. O próprio Deus espera nossas perguntas, pois Ele á a resposta. Ele completa o homem e sabe que só assim o homem encontra sua realização. Ele nos criou assim.
A igreja (instituição hierárquica, pouco cristã, dogmática e terrena), por muito tempo tentou desprover o homem de tal sede de entendimento e de tal natureza questionadora, imputando-lhe condenações imorais e angústias terríveis se tão somente ele questionasse. Seja escancaradamente, seja disfarçada de uma falsa espiritualidade ela tentou abafar a voz crítica interna do homem amordaçando-lhe com a mordaça do medo e da rejeição. Lançou as dúvidas do homem na fogueira da intolerância e da falta de entendimento, causando-lhe impacto profundo na sua liberdade instintiva questionadora e simples.
Devemos sim questionar, pois, somos em essência questionadores. A falta de questionamento leva o homem a uma estagnação em sua totalidade de vida, pois de certa forma as suas perguntas internas são as fomentadoras de sua vitalidade enquanto ser criado para respostas. Água parada fica estagnada! Veja por exemplo na idade média, como a opressão ao questionamento gerou uma época terrível de estagnação, conhecida também como idade das trevas, pela falta de entendimentos novos da realidade humana. Tal opressão e estagnação geraram forte repercussão até hoje, mesmo que atualmente o disfarce da “liberdade de expressão” tente ocultar o medo e a ansiedade do homem ao se deparar com um novo questionamento.
Lembrando sempre que tais questionamentos devem-se apoiar naquele que nos provê verdadeiras respostas, o Criador. Tal busca Divina por respostas não esta distante à medida que a plenitude do Criador se encontra dentro de nós mesmos. A reflexão profunda de si mesmo e a consciência de que Deus, em seu Espírito, se manifesta dentro de nós, guia-nos ao conhecimento da verdade e ao entendimento das coisas que nos estão ocultas. Revelação!
O Céu, em seu significado filosófico, seria, assim, o livre questionamento humano em contato direto com as infinitas respostas da Verdade, saciando-nos, então, constantemente e completamente com o livre entendimento dos mistérios da Vida. Conheceremos e entenderemos! Satisfação total!
O tempo chegou em que o homem assumirá o seu caráter questionador desafiando as instituições fomentadoras do medo e repressão, levando-nos todos há uma maior compreensão (e não total, logicamente) da essência humana, do seu significado e do seu papel enquanto ser criado à imagem e semelhança de seu Criador. Por mais que exista a mentira (serpente), só a Verdade é eterna e por isso persiste. Mesmo que nossos questionamentos nos levem muitas vezes á respostas erradas, não devemos temê-los, pois de alguma forma seremos enfim respondidos pela suprema Verdade que está em nós, só não devemos cair no mesmo erro, fazendo de nossas respostas verdades absolutas e não questionáveis aos nossos irmãos. Somos todos questionadores e sujeitos á questionamentos. Busquemos, pois, a Verdade que está em nós, saciando-nos enfim, das Respostas ocultas Nele.Questione!
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